Professor da UFRN, Ruy Rocha diz que manifestações surgidas na internet são fenômeno mundial e Natal tem se destacado dentro do Brasil.

                                                                                                                                Por Silvia Ribeiro Dantas                                                                                                                                                                                                                                     

A comunicação está mudando e o uso da internet tem proporcionado o fortalecimento de movimentos reivindicatórios, de cunho político, econômico e social. O fenômeno é mundial e dentro do Brasil, Natal se destacou por ter sido palco do Combustível Mais Barato Já e Fora Micarla, dois grandes movimentos do cyberativismo realizados este ano, que saíram das redes sociais e ganharam as ruas rapidamente. 

A força das redes sociais foi o tema da entrevista que professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ruy Rocha, concedeu ao Jornal 96.Na avaliação do professor, a comunicação está passando por modificações em todo o mundo. Prova disso é que há certa dúvida a respeito da sobrevivência do jornal impresso e diversas pessoas acreditam que ele não dura além do ano de 2030 ou 2050. “Isso tem fundamento, porque os impressos não vendem mais da mesma 
forma que no passado. A gente está muito aferrado ao paradigma da política, com os mecanismos de dominação tradicional, mas nas últimas décadas tudo mudou bastante e a internet é uma ferramenta, que utilizada de maneira inteligente, pode trazer muitos benefícios para a sociedade”, detalhou.De acordo com Rocha, é possível fazer um paralelo entre os movimentos que aconteceram em Natal e aqueles que ganharam as ruas de outros países, como é o caso do Egito, Espanha e Grécia. “É o fenômeno do cyberativismo. E as manifestações ocorrem não apenas com interesse político, já que houve a campanha Combustível Mais Barato Já, que tinha interesse econômico”, explicou. 

O professor chamou a atenção para o fato de que o fenômeno é forte em todo o Brasil, mas em Natal há características próprias, pois os movimentos passaram da internet para as ruas com uma velocidade significativa, tendo mobilizado grande parte da sociedade, principalmente os jovens. 

Foto: Gerlane Lima

Além disso, as manifestações realizadas na capital potiguar têm conquistado visibilidade nacional, principalmente nas redes sociais, como Twitter, Facebook e Orkut. “No último dia da ocupação na Câmara Municipal de Natal (sexta-feira passada, dia 17), a tag #SOSNATAL ficou no top do Twitter Brasil, o que significa que era um dos três assuntos mais comentados do país, no microblog. Aqui na cidade tem também o blog Buracos de Natal, houve o movimento para reduzir o preço dos combustíveis e não se pode pensar que as pessoas só querem reclamar, pois elas foram para as ruas. Foi uma politização não mediada pelos partidos”, lembrou.


Perspectivas

Sobre o futuro da comunicação, o professor acredita que os meios tradicionais - rádio, televisão e jornal impresso - precisarão rever seus papéis na sociedade e é preciso valorizar os diferenciais de cada um. “Na verdade, temos novas formas de usar as mídias tradicionais e esperamos que as pessoas façam bom uso dessas ferramentas. É bom também perceber que o consumidor de informação está mais crítico, em relação aos jornalistas, aos políticos e às informações divulgadas”, concluiu.  


Fonte: Nominuto.com